MESBLA FORTALEZA

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sexta-feira, 21 de março de 2008

MANSUR TENTA A ÚLTIMA CARTADA


Mansur tenta sua última cartada
O empresário, que reinou no varejo durante os anos 90 com o Mappin e a Mesbla e quebrou espetacularmente, entra com ação bilionária contra o Bradesco.

"O banco, que finananciou todas as operações do Mansur, trocou a posição de parceiro pela de algoz "WLADYMIR SOARES DE BRITO, ADVOGADO DE RICARDO MANSUR
O empresário Ricardo Mansur, que foi um dos reis do varejo na década de 90, está de volta. Não mais como empreendedor, mas como litigante. Dono de 99% das ações da Mesbla, que faliu em 1998, ele ingressou, no mês de junho, com uma ação bilionária contra o Bradesco, o maior banco privado do País. O processo é aberto ao público e corre na 3a Vara Empresarial do Rio de Janeiro sob o número 2007.001.082415-0. É um caso que chama a atenção não apenas pela disputa entre ex-parceiros - o Bradesco já havia financiado Mansur em alguns negócios feitos no passado - mas também pelo valor da causa. Mansur reivindica uma indenização não inferior a R$ 7,9 bilhões, o que representa 120% do lucro do banco em 2006. Para chegar a essa cifra, seus advogados tentam estimar o que seria o valor de mercado da Mesbla numa comparação hipotética com a Lojas Renner, que tem ações em bolsa e hoje vale cerca de R$ 4 bilhões. Como a Mesbla faturava dez vezes mais do que a Renner à época da falência, arbitrou-se um valor de R$ 40 bilhões para a empresa e foram pedidos 20% sobre um lote de 99% das ações - daí a cifra de R$ 7,9 bilhões. "Mas esse é o valor mínimo", lembra o advogado Wladymir Soares de Brito, do escritório de José Oswaldo Corrêa, proponente da ação. "Vamos lutar para que a indenização chegue até os R$ 40 bilhões."
O Bradesco, por enquanto, não se pronuncia sobre a ação, até porque o banco ainda não foi citado pelo juiz responsável pelo processo. Em seu último despacho, ele apenas determinou a notificação do Banco Central, da Comissão de Valores Mobiliários e da Bolsa de Valores de São Paulo, em função do valor da ação. Essencialmente, Mansur alega que teria sido traído pelo Bradesco. E a relação que começou como "parceria" teria se transformado, segundo seus advogados, em "arapuca". Tudo tem início em agosto de 1996, quando Mansur compra o Mappin, que pertencia à empresária Cosette Alves, por meio de uma empresa chamada United. Na petição inicial, os advogados de Mansur lembram que a United, mesmo com capital de apenas US$ 10 mil, conseguiu levantar carta de fiança de US$ 50 milhões do Bradesco para fechar a operação. E juntam ainda ao processo uma foto da época da assinatura do contrato, que mostra Mansur e Cosette junto de Lázaro Brandão, presidente do conselho do banco. Tudo isso com a intenção de sinalizar que Mansur seria quase um "agente" do Bradesco para negócios fora do setor bancário. Depois disso, veio a compra da Mesbla, que era concordatária e faturava R$ 180 milhões por mês. "A empresa estava saneada", disse à DINHEIRO o banqueiro Luiz Cezar Fernandes, que fez a venda da Mesbla ao Mappin. Em seguida, o conselho da empresa, que tinha dois vicepresidentes do próprio Bradesco, teria aprovado uma emissão de debêntures de R$ 420 milhões para capitalizar a companhia. No meio do caminho, segundo Mansur, o Bradesco teria mudado o propósito da emissão, dando total prioridade ao pagamento das dívidas junto ao banco. E isso teria quebrado a Mesbla. "O banco pulou para a posição de algoz", diz o advogado Brito.
Esta não será a primeira vez que Ricardo Mansur e o Bradesco, ex-parceiros em empresas como Peixe, Leco e Vigor, se vêem em lados opostos. Em 2003, Mansur teve de pagar 360 salários mínimos por ter espalhado mensagens pela internet dando conta de que o banco estaria em dificuldades financeiras. Foi condenado por crime contra o sistema financeiro. Hoje, ele tem os bens indisponíveis e tenta dar sua derradeira cartada.

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